O caso de uma bebê sueca de 10 meses que apresentou alterações nas partes íntimas após o contato com o pai que usava testosterona em gel reacendeu um alerta entre endocrinologistas pediátricos. O episódio foi relatado por uma equipe médica da Universidade de Gotemburgo, na Suécia.
Segundo os especialistas, o uso de hormônios androgênicos na forma de gel pode representar um risco real quando há contato direto com crianças pequenas, principalmente em situações de pele a pele logo após a aplicação do produto.
A bebê foi levada ao hospital com aumento do clitóris (clitoromegalia) e junção dos pequenos lábios vaginais. Exames laboratoriais mostraram níveis elevados de testosterona na menina, incompatíveis com a idade e o sexo da criança. Após investigação, os médicos descobriram que o pai aplicava o gel no peito, onde costumava manter contato direto com a filha.
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Embora raro, esse tipo de exposição acidental não é inédito. Os próprios médicos suecos relatam que já acompanharam pelo menos seis casos semelhantes, todos com crianças pequenas que desenvolveram características físicas associadas à ação da testosterona.
De acordo com a Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia – Regional São Paulo (SBEM-SP), que publicou um alerta, os sinais costumam aparecer gradualmente e muitas vezes são confundidos com condições naturais do desenvolvimento, atrasando o reconhecimento da causa real.
No texto, a entidade afirma que “o uso de cremes hormonais por adultos, como testosterona em gel, pode causar efeitos colaterais em crianças pequenas por contato físico com a área de aplicação”. A SBEM reforça que o uso desses produtos deve sempre vir acompanhado de orientações específicas sobre como evitar o contato involuntário com outras pessoas.
Alerta para a exposição de crianças à testosterona
- A testosterona transdérmica (em gel ou creme) tem alto poder de absorção pela pele.
- O contato direto, especialmente com crianças, pode levar à transferência do hormônio, causando efeitos semelhantes à puberdade precoce.
- Para prevenir a exposição acidental, depois de aplicar o gel, lave bem as mãos; não permita que crianças encostem no local de aplicação antes de cobri-lo com roupa; armazene os produtos longe do alcance dos pequenos.
- A testosterona em gel é amplamente prescrita para tratar a deficiência androgênica em homens adultos, sendo aplicada diretamente na pele.
Médicos que acompanharam o caso sueco reforçaram em entrevistas a veículos locais que o episódio mostra uma falha na cadeia de informação entre profissionais de saúde e pacientes.
A prática do contato pele a pele entre pais e bebês é amplamente incentivada por seus benefícios no vínculo emocional e no desenvolvimento infantil, mas pode se tornar perigosa em situações específicas como essa, que envolvem o uso de hormônios tópicos, ou seja, que são colocados direto na pele.
A história da bebê sueca mostra que, embora reversíveis na maioria dos casos, os efeitos da testosterona em crianças pequenas são reais e merecem atenção. O uso responsável de hormônios exige, além da indicação médica, a compreensão completa dos riscos envolvidos e a adoção de medidas simples de prevenção, especialmente em lares com bebês ou crianças pequenas.
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https://jornalismodigitaldf.com.br/por-que-o-contato-com-testosterona-em-gel-e-arriscado-para-bebes/?fsp_sid=166987
